quinta-feira, 11 de junho de 2009

Fernand Léger e as convicções

Aproveitei minha estadia em São Paulo para passear um pouco. Na manhã de quarta-feira fui à Pinacoteca, onde havia uma exposição de Fernand Léger (1881-1995), artista francês contemporâneo de Chagall, Picasso e Braque.

Léger teve laços de amizade e trabalho com o Brasil, fato que eu (e muita gente, creio) desconhecia. A exposição mostra desenhos, maquetes e outros projetos que foram criados para embelezar obras públicas, principalmente em São Paulo, mas que nunca chegaram a se concretizar. Isso não impediu que desenvolvesse amizade com artistas brasileiros como Tarsila do Amaral, cujo estilo foi definitivamente influenciado pelo mestre francês. É possível visualizar isso ao vermos obras da pintora ao lado das de Léger, na mesma mostra na Pinacoteca.

Ver tantos projetos irrealizados dá uma sensação de frustração. Mas, ao fim da exposição, ao me deparar com a cronologia da vida do artista, vi que a "fase brasileira" foi uma ínfima parte da criação de Léger. O homem teve uma vida plena, realizou dezenas de quadros e painéis em obras públicas em todo o mundo, e também ensinou a muita gente em seu ateliê, entre eles outra brasileira, a concretista Lygia Clark.

Tudo isso reforça a convicção recente de que o importante é apostar, lançar sementes ao solo, buscar chances e oportunidades de realizar coisas. Umas vão vingar, outras não, mesmo assim é preciso continuar sempre. Em algum lugar diferente de onde estamos, vamos chegar.

Com sorte, teremos uma vida plena de realizações como Fernand Léger.



A primeira vez em que ouvi falar desse artista foi durante viagem à Europa com meu pai, aos 16 anos. Num intervalo de nossa estadia em Cannes, no Sul da França, ele me levou de carro à encantadora cidadezinha de St. Paul de Vence, onde almoçamos ao ar livre no restaurante La Colombe D´or.

Na mesa ao lado, comiam juntos a atriz francesa Simone Signoret, mulher de Yves Montand, e o ator japonês Toshiro Mifune, estrela do clássico Os sete samurais. Atrás de nós, um mural de Fernand Léger, imortalizado em várias fotografias que tiramos nesta tarde inesquecível.

4 comentários:

Buda Verde disse...

assim como você também desconhecia.
beijos!

Dione disse...

Nossa, é tão bom quando nos relacionamos com pessoas inteligentes... Ler seu blog está ampliando meus conhecimentos gerais, viu? ADORO!!

Um grande beijo e um ótimo final de semana1

Babi Mello disse...

Valéria que chique você!
Sobre o artista não conhecia mesmo e nem que ele serviu de refência para Tarsíla do Amaral e sobre o quadro, sabe o que eu vejo: ondas musicais.
Bj!

Heloísa Sérvulo da Cunha disse...

Valéria,
Que luxo!
E a Pinacoteca, em São Paulo, é fantástica, não? Eu adoro.
Beijos