quarta-feira, 19 de março de 2008

José Celso Martinez, um homem lindo e atraente de 70 anos

Ontem, dia 18 de março, houve o lançamento do novo livro da psicanalista Betty Milan, Quando Paris cintila (ed. Record), na livraria Cultura do Conjunto Nacional (SP). Betty é paulista, colunista da Veja On Line http://vejaonline.abril.com.br e mora metade do ano em São Paulo e a outra metade em Paris, no Marais. O novo livro é composto de 33 crônicas curtas, sem letra maiúscula ou ponto final, nas quais, tomando como inspiração viagens que empreendeu à Europa, Ásia e Américas, ela reflete sobre a vida, a morte, o envelhecimento, a felicidade e outras questões fundamentais de todos nós.
Para ler trechos do livro no teatro Eva Herz, dentro da livraria, Betty convidou ninguém menos que o dramaturgo e diretor de teatro José Celso Martinez, seu amigo. O início da leitura estava marcado às 19h30 e às 20h não havia sinal do Zé. Ligamos para a casa dele, o fiel secretário Valério disse que havia saído fazia tempo, a platéia do teatro lotada. Decidimos começar sem ele, em respeito ao público. Subiram ao palco a autora e seus outros convidados: o escritor e editor paulista Fenando Nuno e um jovem médico chinês, cujo nome é impronunciável e impossível de ser escrito de memória.
Mal Nuno começou a falar sobre o livro, a porta do teatro se abriu e entrou Zé: alto, magro, cabelos brancos como a neve, elegantérrimo numa blusa de gola rolê branca, calças de linho cru e casaco preto. Um homem lindo e atraente, de 70 anos.
Ao fim da apresentação do editor, ele se levanta e vai para o microfone. Começa a ler a primeira crônica, pára, começa de novo, só que cantando. Improvisando um canto do que está escrito. Salva de palmas. Vem a segunda crônica, "Quando a velhice é sorridente", que ele lê fazendo movimentos suaves com os braços no ar: "só envelhece mal que se exercita na chatice, queixando-se – consciente ou inconscientemente – do tempo que passa" "a contrariedade é contrária à vida" " é o contentamento que fortalece" Todos riem e batem palmas, pois Zé é uma amostra viva do que está escrito. Não se pode dizer que é velho. É um jovem entusiasmado, alegre, cheio de vida e criatividade.
Para ler a terceira crônica, "Quando a árvore é uma grinalda", ele exige silêncio absoluto da platéia. Começa e interrompe três vezes a leitura, até que não se ouça um murmúrio sequer. "Isso aqui é muito zen, exige silêncio e concentração", justifica. E segue: "a felicidade está nas coisas simples, claro, complicado é chegar nelas"
No final, temos a sensação de que viajamos com a Betty por China e Índia, Turquia, conduzidos pela voz e pela interpretação do Zé. Uma meditação conjunta da qual despertamos leves e inspirados, acreditando que a vida pode ser realmente bela.
Tudo depende da maneira como a olhamos.

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