segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

O sexo, para ser bom, requer tempo. Creio que ele só é bom quando se configura como uma pausa no tempo (e isso não tem a ver com quantos minutos ou horas durou o sexo).
Assim, pode ser até um instrumento para o autoconhecimento do corpo e de si mesmo. O mundo entra em suspenso e reina o corpo – com seus silêncios e ruídos, movimentos e pausas, fora do tempo mundano. É o tempo subjetivo dos amantes.
Também é preciso coragem para deixar essa energia fluir até esgotar-se, realizar-se, transformar-se – transformando também a nós mesmos.

2 comentários:

Anônimo disse...

E não é que deu tempo? E num início de tarde de terça-feira, veio a pausa. (Acho que às vezes ela vem meio quieta, mais ou menos sem vontade, e a gente -- sempre atarefado, atolado, sobrecarregado -- não percebe. Mas há que se aprender a encontrar e curtir a pausa do tempo.)
Amei o blog! Fiquei especialmente tocada com o post sobre seu pai.
E já que estamos de literatices, deixo um poeminha do Drummond que achei que tinha a ver com alguns posts:

*Amor e seu tempo*

Amor é privilégio de maduros
estendidos na mais estreita cama,
que se torna a mais larga e mais relvosa,
roçando, em cada poro, o céu do corpo.

É isto, amor: o ganho não previsto,
o prêmio subterrâneo e coruscante,
leitura de relâmpago cifrado,
que, decifrado, nada mais existe

valendo a pena e o preço do terrestre,
salvo o minuto de ouro no relógio
minúsculo, vibrando no crepúsculo.

Amor é o que se aprende no limite,
depois de se arquivar toda a ciência
herdada, ouvida. Amor começa tarde.

Valéria Martins disse...

Não sei dizer as coisas de forma tão bela quanto o Drummond, mas ele com poucas palavras diz tudo, né?
Obrigada, querida Catharina!